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Dona Beija

Rede Manchete (1986)

"Naquele momento, uma personagem de época, uma cortesã como Dona Beija, me parecia muito mais interessante e poderia tirar um pouco daquela imagem de boba que eu achava que a imprensa havia difundido a meu respeito. A mídia me projetava de uma maneira na qual eu me sentia muito adulterada — me atribuíam atitudes que, para mim, eram vergonhosas. Na realidade, nos primeiros anos da minha carreira, eu não tinha noção do poder da televisão”.

“Dona Beija” é o ponto da virada. Na trama dirigida por Herval Rossano e veiculada em 1986, Maitê protagoniza as primeiras cenas de nudez em uma novela de horário nobre no Brasil, cenas estas que se tornariam ícones da produção. A ousadia lhe garante a consagração perante o público e, como era de se esperar, o reconhecimento da crítica também chega.

Por falar em Herval, há de haver espaço para essa passagem. A novela não trouxe para Maitê apenas o sucesso, mas também um processo profundo de entendimento a partir do embate e a possibilidade de uma criação sem barreiras.


"O diretor contratado pela Manchete era o Herval Rossano, que tinha dirigido As Três Marias, mas eu não queria passar por aquele tumulto novamente… Tivemos uma conversa crucial: 'é o seguinte: você não gosta de mim. Eu também não gosto de você. No primeiro exaltar de voz, eu saio e vamos ter um problema, como vai ser?' 'Nós não vamos brigar, eu prometo', disse ele. E cumpriu: nós nunca brigamos e o trabalho foi maravilhoso — o melhor de toda a minha vida. Foi, de fato e pela primeira vez, a oportunidade de criar algo novo, autêntico, de fazer um trabalho denso e sério, e de aprender a gostar muito do Herval."

“Dona Beija” torna-se um marco da dramaturgia brasileira e, como poucos devem saber, também resgata a paixão de Maitê pelo ofício. Depois de um difícil início de carreira e de uma tentativa de abandonar a televisão, é na trama que ela se reencontra enquanto profissional e volta a adicionar prazer à rotina de atriz.

"Resolvi sair, mas já tinha batido recordes de audiência, estava nas capas das revistas, dando lucro para a empresa. Além disso, tinha um contrato. Quando falei em sair, fui desaconselhada. Estava amarrada a um contrato, presa a um compromisso e fui ficando. Mas aquela situação era incômoda para mim e para todo o mundo daquele meio, que não tinha condescendência com a minha inadequação — para eles, parecia coisa injusta e privilegiada. Convivi com a inveja e outros sentimentos cujas repercussões me atingiam de forma nova e quase física de tão contundentes. Só fui sentir prazer na profissão anos depois, quando fiz Dona Beija."

Depois desse trabalho, retorna a Rede Globo e conquista outras personagens marcantes.


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