Gosto de música. Gosto tanto, que, ao ouvir, quero dar atenção a ela, me envolver, me deixar sentir, dançar. Detesto a música de fundo dos consultórios, das academias, dos bares, das lojas, dos quiosques da praia, dos taxis, alguns com aparelhos de tv. Não se foge mais disso. O ruído das ondas, da brisa, dos passarinhos, é menos belo do que aquilo que sai das caixas enferrujadas em ambientes variados?
Quando foi que a multidão deixou de apreciar os sons da natureza? Será que a população teve escolha? Será que se deu conta do que vem acontecendo? Ou será tanta a solidão que o “silêncio” assusta? Mas e se por cinco minutos, o sujeito experimentar ouvir as suaves nuances que há no silêncio? Será possível que este intervalo neutro não o descanse do excesso de estímulos desta vida doida que inventamos?