Tempos atrás procurei um analista. Em Santa Tereza, longe a beça. Eu falava e falava e ele nada. Sete sessões com o homem mudo e eu desisti. Não desisti antes porque a casa era linda, com mobiliário dos anos cinquenta, peças art decô selecionadas, um ambiente classudo, meio exótico, e sempre tinha uma música divina tocando na ampla sala de espera.
Tentei mais duas psicas mulheres e tb não deu samba.
Hoje experimentei outro médico. Contei-lhe que estava deprimida e que nunca fui disso. Desfilei minhas mazelas num corolário de eventos somados nos últimos dez anos. Ao final ele disse que se tivesse que fazer um diagnóstico, não confirmaria a depressão. Poxa, nem o médico me acode! E olha que nem falei pra ele do coral. Só da parte ruim. Chorei minhas pitangas e ele riu, algumas vezes, eu vi. Não tenho talento pra tristeza. Talvez eu tenha que me atirar da ponte pra perceberem que eu não ando lá essas coisas.